Contudo, retomada de preços será lenta e depende da solução de entraves. Afinal, é um bom ano ou não para a compra da casa própria?
São Paulo – Inflação e juros em queda e um aumento de vagas no mercado de trabalho trazem um otimismo para a economia do país e, consequentemente, para o mercado imobiliário.
Para reforçar o cenário positivo, as vendas das unidades ao longo de 2017 cresceram, enquanto os estoques foram reduzidos, auxiliados pelo menor número de lançamentos de novas unidades. Segundo dados do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), divulgados nesta quinta-feira (14), as vendas de apartamentos em outubro cresceram 8,9% em relação a setembro e 31% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
É o fim de um ciclo de super produção de apartamentos e, como resultado, imóveis encalhados. Em algumas praças, já há falta de imóveis à venda, enquanto em grandes cidades, como São Paulo, é possível observar obras sendo retomadas e finalizadas. Por outro lado, é também o fim de grandes descontos concedidos a clientes pelas construtoras, ávidas para se livrarem de imóveis prontos que começavam a dar prejuízos. Ou seja, o melhor momento para barganhar já passou.
A reversão da tendência pode ser comprovada pela última pesquisa do índice FipeZap, que mostra que os preços dos imóveis registraram leve alta após meses em queda.
Em novembro, o Índice FipeZap, subiu 0,03%. No entanto, ao considerar a inflação esperada para o mês, de 0,38%, o índice registrou queda real de 0,35%.
Essa tendência de preços é uma média de 20 cidades. Dependendo da praça, a queda de preços continua (caso do Rio de Janeiro e Distrito Federal). Em outras, os preços já estão em alta, como Belo Horizonte e Florianópolis, conta Caio Bianchi, VP de Analitycs do Grupo ZAP Viva Real. “As praças que continuam a cair formaram uma alta expectativa antes do boom imobiliário e não entregaram o prometido, enquanto as que estão valorizando agora tiveram um reconhecimento tardio”.
O Grupo Zap Viva Real aposta nesta estabilidade dos preços no ano que vem e em um aumento gradativo nas vendas. Um exemplo de cidade que já está mais perto desse cenário de preços estáveis é São Paulo.
O que pode jogar contra o cenário
Apesar dos bons indícios de recuperação da economia, a falta de solução para reformas estruturais, como a da Previdência, e um ambiente político ainda instável, com candidatos indefinidos para a corrida à presidência, pode jogar sombra sobre um cenário de crescimento do mercado imobiliário para o próximo ano, previsto pelos especialistas. Por isso, a aposta de especialistas é na estabilidade.
Para o Secovi-SP, a retomada do setor também depende da solução de outros entraves, como recursos e taxas adequadas para o financiamento imobiliário, além de segurança jurídica em distratos.
O ano de 2017 foi marcado por uma série de anúncios de restrição de financiamentos na Caixa Econômica Federal, que passa por um processo de capitalização. Um deles foi a suspensão da linha de financiamento Pró-Cotista, a linha mais barata quando desconsideramos os incentivos do programa Minha Casa Minha Vida. Outra medida importante foi a diminuição no porcentual do valor de imóveis usados financiado pelo banco. Essas medidas têm grande impacto no mercado, já que o banco responde por 70% dos financiamentos no país.